sábado, 4 de junho de 2011

O menino poeta num mundo tenebroso

Menino Sentado - Antonio Bandeira


Aquele Menino


Aquele menino pobre
Vem de uma família nobre,
Mas não teve distinção.
Num ambiente restrito
Vivera como um precito
Sem nenhuma proteção.

Não teve uma infância bela,
Longe da casa singela
Cantara seu sofrimento.
Um verdadeiro andarilho;
Para o mundo, um peralvilho,
Para Deus, um ser portento.

Na distância dos seus pais
Viu momentos desiguais
Na sua tétrica existência.
Jogado no mundo a esmo,
Reflete consigo mesmo
A mais terrível pendência.

Num ostracismo bisonho
Ele se torna medonho
Na face desse planeta.
Cantando a rude desgraça
Excomunga a populaça
Como um triste ancoreta.

Sentindo a decrepitude
Aquele menino rude
Teme a negra solidão.
Longe da casa paterna
Canta mágoa sempiterna,
Que mora no coração.

Naquele ambiente fosco
Aquele menino tosco
Se tornara um pensabundo.
E como um ser malancólico
Canta o mundo diabólico
Como o mais terrível mundo.

Como um triste madrigaz
Aquele menino audaz
Se tornara um malandéu.
Sem garra de aventureiro
Aceitara o cativeiro
Desse mundo de labéu.

Esse robusto labrego
Nunca teve uma aconchego
Nesse mundo tenebroso.
E como um menino pobre
Canta como Antonio Nobre
Esse mundo mentiroso.

Antônio Agostinho Santiago - Russas-CE
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gente boa! Contribua com a cultura! Deixe um comentário. Sou-lhe grato!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...