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Gravura de autoria de José Francisco Borges |
Meu Vale Jaguaribano
Meu Tabuleiro do Norte
Cidade da poesia
Povo fiel e pacato
Amigo da bonomia
Reduto que os Batistas
Doutrinaram bons artistas
No palco da cantoria.
Quixeré dos meus parentes
Povo modesto e contrito
Reduto que Monsenhor
Consagrou com seu bendito
Lugarejo pacifista
Cidade do repentista
José Cazuza de Brito.
Limoeiro do repente
Lugarejo genuíno
Velha sede do bispado
Que respeita Deus divino
Terra de bardos suaves
Cônego Climério Chaves
E do Padre Valdevino.
São João, cidade bela
Nobre terra hospitaleira
Berço da família Chaves
Linda gente prazenteira
Cidade jaguaribana
Longe da brisa praieira
Perto da zona mateira.
Morada Nova faz parte
Dessa minha devoção
Berço da família Castro
Gente de grande visão
Cidade que tem renome
Que ainda preserva o nome
Da velha estirpe Girão.
Russas, berço em que nasci
Terra do meu coração
Que o tal nome Éguas Ruças
Sempre gerou discussão
Inspiração do meu hino
Velho berço de Dom Lino
Figura de projeção.
Jaguaruana eu descrevo
Com muita sinceridade
Porém a família Freitas
Uma casta de verdade
Não lhe faço diatribe
Teve Chico Jaguaribe
Como grande autoridade.
Itaiçaba eu também canto
Na minha estrofe singela
O berço de Emiliano
Figura mais do que bela
Cidadão de grande história
Que no estrelato da glória
Para o mundo se revela.
Aracati de Caminha
Genitor d’A Normalista
Do Monsenhor Quinderé
De Paula Nei, grande artista
Terra de vultos bizarros
De Úrsula Garcia Barros
Verdadeira sonetista.
Minha Viola Querida
Minha viola querida
Companheira enternecida
Deusa do meu coração
Contigo cantei saudade
Tu foste na mocidade
Minha primeira ilusão.
Minha nobre companheira
Foste eterna conselheira
Deste pobre cantador
Tu me deste inspiração
Para eu cantar o sertão
Do caboclo agricultor.
Tu me levaste bem longe
Pensativo como monge
Cantara a vida banal
Como vate talentoso
O destino tenebroso
Me fez triste comensal.
Como triste cantador
Consolaste a minha dor
A minha tosca agonia
Nas tuas notas suaves
Cantara o canto das aves
E a negra selvageria.
Tu foste minha caneta
Minha primeira faceta
Porém foi cantar repente
Encantando com teu som
Eu praticara meu dom
Nesse Nordeste carente.
Nas tuas notas singelas
Cantei toadas tão belas
Do palco todo tremer
Com versos mirabolantes
Conquistei muitas amantes
Pra nunca mais esquecer.
Mesmo podendo cantar
Não quero mais te enfrentar
Nem quebrar esse tabu
Vou seguindo novas estradas
Enquanto dormes calada
No fundo do meu baú.
Trinta anos viajei
Contigo também cantei
A nossa vida vulgar
Como deusa em meu proscênio
Tu representas meu gênio
De cantador popular.
Depois de tanta loucura
Não vou quebrar minha jura
Não volto mais ao repente
Minha viola, calaste
A vida como um contraste
Me fez ser teu oponente.
Eu levarei para a cova
A fama da minha trova
O teu baião requintado
O tempo como um dragão
Fez nossa separação
Deixando tudo acabado.
Eu tomei novo destino
De cantador peregrino
A famoso literato
Minha viola querida
Os dramas da nossa vida
Descrevi nesse relato.
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Gravura de Marcelo Alves Soares |
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